Os mitos da Suméria são cosmológicos e procuram investigar a origem do povo, da raça, da sociedade. É a mitologia subjetiva: representa aquele estágio em que a reflexão humana, pela primeira vez, tomou conhecimento dos fenômenos psíquicos, internos, e do mundo exterior em função do Homem como ser racional; é, sem dúvida, a mais antiga "reflexão humana" que conhecemos. Os elementos que a mitologia sumeriana utiliza são terrenos e familiares... Procura explicar a diversidade entre o estável e o instável, entre o que é duradouro e o que é fugaz ou efêmero, entre o que é seco e o que é úmido; depois vem o mar, último, talvez, em ordem cronológica, mas o primeiro elemento de espanto para o povo sumeriano, o mar, figura misteriosa e temível; ele representa a eterna luta entre a água e a terra firme. . O panteão sumeriano é o reflexo das famílias organizadas em grupo social. Era imenso mas é verdade que a maioria representava pequenos deuses locais que foram assimilados ou esquecidos; os grandes deuses, porém, eram adorados na maioria das cidades; muitos chegaram mesmo a figurar no panteão babilônico.
Segundo a crença comum, os deuses haviam criado os homens para o seu serviço; além de construir templos e oferecer sacrifícios, o homem deveria respeitar as leis, das quais as divindades eram protetoras; os deuses, pôr sua vez, nada deviam aos homens: com a criação haviam esgotado o elemento providencial; não eram obrigados a recompensar o bem; tudo o que acontecesse de ruim era sinal de que os deuses não estavam satisfeitos com os atos humanos. Os deuses usavam os demônios para atormentar os homens e estes contavam-se pôr legiões: "os arrebentadores", "os devoradores de criança", etc. Os mesopotâmicos, em geral, viviam em um estado de temor interminável; não conheceram a doçura e o otimismo que a civilização egípcia cultivou com tanto empenho; e depois da morte, nenhuma esperança lhes sorria. Sua idéia sobre a morte confirma o aspecto severo e terrível da concepção religiosa que aceitavam. Morto o homem, restava-lhe apenas uma espécie de espectro, um espírito muito vago, que viveria na eterna sombra. Deste modo, a idade avançada era considerada um favor dos deuses para com o mortal que vivesse mais anos que o normal.
Os Deuses Sumerianos
Os deuses sumerianos são chefiados pôr An (o Deus-céu), Enlil (o Senhor-vento) e uma deusa, Nin-ur-sag (a Senhora da Montanha), conhecida pôr outros nomes também.
Enlil passou para o culto da Babilônia; seu nome passou a chamar-se Bel, que significa "senhor". Seu reino era a terra; na Suméria, o principal local de culto dele estava localizado em Nipur, uma cidade antiga. Na época arcaica os reis de Lagash (outra cidade importante) o chamavam de "rei dos deuses"; tinha o epíteto de "sábio". Enqui, o Senhor da Terra, aparece às vezes como filho de Enlil; dominava as águas, exceto as do mar.
Nin-tu, Nin-mah ou Aruru eram os outros nomes de Nin-ur-sag. Namu era a deusa do mar; Nintura, Utu e Eresquigal completavam o quadro dos Grandes Deuses, chamados "Anunáqui". os mitos relatavam o nome de Ninsiquila, filha de Enqui.
A Árvore Cósmica
Existe um mito antiquíssimo sobre a existência de uma árvore cósmica que unia a terra ao céu. Essa árvore chamava-se "gish-gana do apsu" ("O Abismo Primordial") e crescia sobre todos os países; é o símbolo da viga que une as duas regiões visíveis: Terra-Céu. O templo era o símbolo da árvore cósmica, à porta deste erguia-se um outro símbolo, uma estaca ou viga que "tocava o céu".
O rei de Isin chamará o templo de Lagash de "O grande mastro do país de Sumer". A expressão e o próprio símbolo, contudo, desaparecem com o tempo. Mesmo assim, fica a concepção mitológica de um local sagrado na Suméria que seria o ponto de união entre o Céu e a Terra.
Mar, Terra e Céu
A deusa Namu é chamada de "A mãe que deu o nascimento ao Céu e à Terra"; aliás, muitas vezes é designada como a mãe de todos os deuses ou de Enqui, a deidade responsável pelo mundo dos homens.
A criação do cosmos se fez pôr emanações sucessivas; do mar primordial nasceram a Terra e os Céus. Os dois elementos, gêmeos, estavam, no início, unidos e se interpenetravam. Enlil os separou, talvez com um sopro, já que seu nome significa "Senhor Vento".
sábado, 27 de outubro de 2007
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