segunda-feira, 29 de outubro de 2007

MITOLOGIA GREGA E ROMANA

Os homens criam seus mitos, seus deuses, inconscientemente refletindo sua própria natureza interior, acrescentando a eles a imortalidade.
Os deuses e heróis que aparecem nas mitologias refletem o modo de pensar e agir dos povos que os criam.
A mitologia mais rica registrada, que chegou até nossa cultura, sem dúvida nenhuma é a da Grécia. Porém, com a dominação dos romanos sobre os gregos, os mitos destes povos se misturaram, em função da semelhança entre alguns deles, o que é natural, visto que o inconsciente é coletivo, diferindo apenas nos costumes de cada região, em função de sua geografia, clima e história de ocupação territorial.
Neste trabalho, procurei unir os vários mitos numa seqüência genealógica, pois o tempo na mitologia é irreal, visto que no relato do nascimento de um deus, aparece personagens que ainda não existiriam se considerarmos a genealogia cronológica. Exemplo típico se dá no caso do nascimento da Vênus, quando seu pai Urano foi castrado por Saturno, os testículos caíram no oceano e o sêmen fecundou Gaia, a Terra, gerando mais um ser. Imediatamente emergiu numa concha, a bela Vênus que é levada ao Olimpo pelas deusas chamadas Horas, que seriam geradas pelo romance de Júpiter, que ainda não havia nascido, com a deusa Prudência.
Neste sentido a Mitologia pode ser comparado ao inconsciente que é considerado atemporal na Psicanálise.
Muitas são as variantes das lendas e com a mistura dos povos, ampliou-se as origens dos mitos. Neste trabalho, segui uma seqüência que explique melhor os mecanismos humanos, centrando a atenção nos deuses principais destacados no gráfico a seguir pelo tamanho das letras do nome latino e sua moldura.
Quem desejar se aprimorar no conhecimento da Mitologia, encontrará muitos autores trazendo sequências diferentes, como no caso da difícil tarefa de encontrar a paternidade de Marte, que não foi citado em vários dos autores que pesquisei.
AS HISTÓRIAS DOS DEUSES DO OLIMPO
No princípio tudo era o Caos. Este é considerado o deus primordial da Mitologia.
Tudo existia, porém não havia ordem. A fonte de todas as coisas pairava latente em sua natureza. Em um determinado instante uma ordem se manifestou e surgiu então a primeira divindade concreta: Gaia, a Terra.
Esta por sua vez, aproveitando o material disponível no Caos, fez surgir para sua companhia o Céu, Urano, que passa a fecundá-la todas as noites, gerando inúmeros filhos. Os Titãs: Oceano, Hiperíon, Crio, Coio, Jápeto e Cronos; e as Titanides: Téia, Tétis, Têmis, Rea, Febe e Mnimosine. Em seguida nasceram desta união os Ciclópes, chamados Arges, Brontés e Esteropés, divindades dos relâmpagos, dos trovões e dos raios. Finalmente nasceram os Hecatônquiros, gigantes violentos de cem braços: Briareu, Coto e Gies.
Estes últimos odiavam seu pai que os mantinham presos no Tártaro, nas profundezas da Terra, longe da luz, por não gostar de suas criações monstruosas.
Gaia, que desejava curtir sua maternidade, induziu seus filhos a vingarem-se por ela, oferecendo uma foice que confeccionara. Cronos, Saturno, seu filho mais novo dos Titãs, aceitou a responsabilidade de castrar o seu pai, interrompendo assim sua fecundidade.
Urano representa a potencialidade criativa do ser humano, porém, quando manifestada de forma impaciente, o resultado não é apreciado, pois o tempo é importante no aprimoramento de uma idéia. Uma simbologia parecida é encontrado no personagem de Walt Disney, o Professor Pardal, que possui montes de invenções não aprimoradas e entulhadas em um canto (escuro).
Este tempo é simbolizado por Saturno, que assume a função de interromper o fluxo de criatividade, permitindo que as criações possam se desenvolver e aprimorar-se.
Aproveitando a aproximação de Urano quando este vem se deitar sobre Gaia, Saturno corta-lhe os testículos e liberta seus irmãos. O sangue saído do ferimento caiu sobre Gaia e a fecundou, dando origem às Fúrias ou Eríneas, aos Gigantes e às ninfas, seres da natureza que habitam e cuidam das árvores, das águas e etc.
Os testículos de Urano caíram no Oceano, Netuno, e o sêmen fecunda mais uma vez Gaia surgindo das águas marinhas Vênus, numa concha e é levada até o Olimpo pelas deusas chamadas Horas, que a vestiram e a enfeitaram, tornando-a a deusa mais admirada por sua beleza.
Saturno torna-se assim, um reflexo das castrações humanas provocadas pelo tempo que nos impele ao amadurecimento de forma dura e definitiva, obrigando-nos a deixar surgir as nossa imperfeições e permitir o desenvolvimento de nossas belezas.
Desejando manter-se no trono dos deuses ocupado após vencer o seu pai e com medo de sofrer uma traição idêntica ao que impôs ao seu progenitor, prendeu seus irmãos de outras linhagens no Tártaro, casando-se com sua irmã Titã Cibele, Rea, que simboliza a natureza selvagem, para não dividir o reino.
Foi até um oráculo e este lhe informou que um de seus filhos iria destroná-lo. Este decidiu que engoliria todos os filhos que gerasse, pedindo a sua esposa Cibele, que entregasse seus rebentos logo após o nascimento. Neste gesto, vemos repetido o sentimento humano paterno, da disputa que seus filhos empreenderão na conquista do seu lugar ao lado da mãe, no desejo de ser o foco do amor materno.
Sua esposa no entanto, repete a história de sua mãe e entrega após o nascimento de Zeus, Júpiter, uma pedra do tamanho de um bebê, envolvido com fraldas e um manto. Saturno engoliu acreditando ser seu filho, e assim acabou por consumar o destino previsto pelo oráculo.
Júpiter foi entregue às Ninfas e aos Curêtes, que batiam suas lanças para abafar o choro do bebê. A cabra Amálteia foi sua ama de leite, sendo alimentado com mel pelas abelhas.
Saturno simboliza o medo que impele nossa imaginação a atrair a consumação do não desejado. Cada vez que construímos em nosso pensamento, imagens não desejadas, fortalecemos nosso inconsciente a produzir um momento adequado para que possamos vivenciá-las.
Chegando à idade adulta Júpiter resolve conquistar o poder. Com este intuito consultou Métis, Prudência, de quem recebeu uma droga mágica que faria seu pai vomitar os irmãos engolidos. Cibele tratou de oferecer esta bebida ao marido e trouxe de volta a vida dos seus filhos, que se uniram a Júpiter para lutarem contra o pai, e após combate feroz, venceram Saturno e os Titãs, e os expulsaram do céu.
Zeus e seus irmãos dividiram o poder, cabendo a Hades, Plutão, o inferno e o domínio sobre o subterrâneo, a Posedon, Netuno, coube o domínio sobre a terra e o mar, mas este devolveu a Júpiter o poder sobre a terra, sendo incumbido por este último a cuidar das correntes dos rios e dos fenômenos da natureza, como terremotos, maremotos, etc. A Júpiter ficou o domínio do céu e da terra e a preeminência sobre os demais deuses e sobre tudo no universo, inclusive ditar o destino dos mortais, bem como manter a lei e a ordem, julgando todos os fatos.
Saturno e Cibele tiveram vários outros filhos, dos quais destacamos: Vesta, que simboliza o fogo; Ceres, que representa a agricultura; e Juno, Hera, esposa de Júpiter, identificada como a "Grande Mãe", em cujo nome realizavam uma festa chamada Matronalia.
Zeus foi o deus que mais gerou filhos, comparado apenas ao seu irmão Netuno, ambos envolveram-se em diversos romances, sendo que Juno esposa de Zeus, estabelecia verdadeira guerra contra as amantes de seu marido, investindo sua ira contra os filhos destes romances, enquanto Anfitrite, esposa de Poseidon, fazia-se de cega perante as aventuras de seu marido.
Os artifícios utilizados por Zeus para burlar a vigilância de Juno, são interessantes e significativos. Utilizaremos alguns exemplos:
Utilizando o seu poder, Zeus se transformou na figura de Anfitrião, enquanto este comandava um exército na guerra contra os Teleboios, conseguindo assim possuir Alcmene, sua esposa, cuja fidelidade era inabalada e deste relacionamento nasceu Hércules.
Em outro momento transformou-se em um jovem touro para raptar Europa, em nuvem para seduzir Io, a sacerdotisa de Hera, em cavalo para engravidar a virgem Dia, em cisne para amar Leda, em pombo para possuir Ftia, em pastor para gerar nove filhas com Mnemósine, a Memória, para fecundar Dânae tornou-se uma chuva de ouro, e muitas outras aventuras conquistadas com artifícios parecidos.
O mito de Júpiter traz à tona a parte encontrada em nosso inconsciente, geradora de máscaras, para conquistarmos nossos objetivos ou seja, podermos realizar nossas aventuras desejando não sermos reconhecidos.
Zeus tornou-se o deus mais importante do Olimpo e o encontramos em muitos momentos usando o seu poder, ora em benefício próprio como os casos amorosos, ora em nome da lei e da ordem como no momento em que manda matar Esculápio, Asclépio, filho do Sol com Coronis, que em suas pesquisas descobriu um elixir para curar os doentes e ressuscitar os mortos, burlando a ordem sagrada de que os mortais necessitam da dor e da morte.
Este mito faz o perfil de muitos (para não dizer todos) que ocupam cargos de legislação, que julgam os atos dos outros e que burlam as regras, quando querem favorecimentos.
O adultério é uma constante nos mitos dos grandes deuses dos Olimpo. Netuno, Poseidon, foi outro mito com muitas ligações clandestinas, porém, como foi dito anteriormente, sua esposa permanecia em seu castelo no fundo do oceano, recebendo sempre festiva a chegada de seu marido após suas caravanas de aventuras, onde se relacionava com as diversas personagens femininas do reino aquático. É comum encontrarmos pessoas com este dom de trair suas companheiras ou companheiros e obter deste a cumplicidade, ou não questionar suas andanças, como se tudo não passasse de uma brincadeira ingênua.
Digno de nota, para este trabalho, é o acontecimento ao seu filho Halirrôtio, nascido do romance com Eurite, quando este, apaixonado por Alcipe, filha de Marte com Aglauro, tentou forçosamente possuí-la. Marte não conteve sua ira e matou Halirrôtio.
Diante da morte de seu filho, Netuno solicitou de Zeus o julgamento de Marte pelo seu crime. Marte, Ares, filho de Zeus e Juno, realizou sua própria defesa diante do júri composto por vários deuses e deusas, e como sua eloquência foi esplêndida, ele foi absolvido e o lugar onde foi o julgamento passou a se chamar "Areópago" em sua homenagem.
A paixão também é a marca deste deus. Marte viveu o amor mais intenso de toda a mitologia, um amor trágico, com a maravilhosa Vênus.
Antes de relatar este acontecimento, vamos conhecer a história desta deusa que encantou o Olimpo.
Quando Saturno cortou os testículos de seu pai Urano, estes ao cair no mar misturando o sêmen com as águas, fecundou Gaia gerando a Vênus, Afrodite, uma deusa lindíssima que surge numa concha e é levada ao Olimpo pelas Horas, que cuidaram de sua beleza, tratando de vestí-la com belas roupas. Ao chegar na morada dos deuses, todos correram para admirá-la. Como diz o ditado popular: "É impossível agradar a Gregos e Troianos"; a Vênus não fugiu a esta regra. A deusa da Razão, Minerva, Atena, a deusa das Artes, Diana, e a deusa do Lar, Vesta, Hestia, insatisfeitas com a presença da bela deusa que faziam os homens perderem a razão, afastava-os de seus lares e ofuscava as artes com sua beleza, foram até Júpiter solicitando que este prejudicasse a Vênus em alguma coisa, e propuseram que ela casasse com o deus mais feio do Olimpo, Vulcano, Hefesto, que era coxo e com marcas de cicatrizes no rosto, devido ter sido atirado do alto do Olimpo, por sua mãe, Juno que o gerou sozinha por raiva do amor de seu marido com a bela Atenas, por achá-lo feio demais e tendo vergonha de apresentá-lo aos outros deuses. Vulcano demorou um dia e uma noite rolando morro abaixo e foi resgatado pelos povos próximos do vulcão Vesúvio, que cuidaram de seus ferimentos e o ensinaram as artes dos metais e do fogo, tornando-se em grande artesão.
Casou-se Vênus contra sua vontade, ela que já se apaixonara pelo jovem e valente Marte. Estes se encontravam constantemente até que o Sol, Apolo, o deus que tudo via, contou a Vulcano que sua mulher o traía. Este confeccionou uma rede de ouro invisível e armou uma armadilha para os amantes. Quando foram consumar mais uma vez o adultério, Vênus e Marte ficaram aprisionados ao leito e Vulcano trouxe todos os deuses para observar a vergonha da Vênus. Ao serem libertados, Vênus esperava que Marte assumisse o seu amor e mesmo expulsos do Olimpo fossem vagar pelos cantos da terra juntos. Porém Marte frustou a deusa abandonando-a. Vênus, a deusa do Amor, transformando seu amor em ódio, rogou uma praga para que Marte se apaixonasse por todas mulheres que visse, tornando-se assim um deus constantemente apaixonado e agressivo, que tomava as mulheres a força quando estas não cediam à sua sedução. A primeira mulher que encontrou e se apaixonou foi Aurora esposa de Astreu.
Encontramos neste mito o Arquétipo do masculino e do feminino. A mulher sempre desejando ser amada mesmo diante de situações mais difíceis, enquanto o homem não consegue assumir o amor que sente, procurando afogar suas paixões se entregando a outras.
Durante o período belo deste amor, nasceram Harmonia e Cupido, Eros, que acompanhavam a Vênus, e no período mais tumultuado desta paixão nasceram Deimos, o Terror e Fobos, o Medo, que acompanhavam Marte em suas batalhas, chegando sempre a sua frente e espalhando pânico entre os moradores das cidades.
Vênus teve ainda inúmeros amores entre os quais citamos Mercúrio. Esta relação traz à tona uma combinação interessante a começar pelos nomes dos amantes: Mercúrio é Hermes o deus do conhecimento e Vênus é Afrodite, a deusa do amor. O filho deste romance recebeu o nome de Hermafrodito, somando conhecimento e amor. Sua natureza era de tranqüilidade e sabedoria, não importando-se com sentimentos relacionados aos instintos humanos. Uma ninfa do lago da Salmácida apaixonou-se por Hermafrodito que sempre se esquivava, e ela cansada de tentar prendê-lo pelo amor, foi até Zeus e pediu que usasse seu poder para uní-los. Zeus chamou Hermafrodito e ouviu suas prerrogativas, solicitando que para casar-se com a ninfa o deus deveria transformá-los em um único ser, unidos eternamente, o que foi atendido. Após esta fusão este novo ser assexuado, por ter em si mesmo as duas naturezas, masculina e feminina, foi para a Salmácida, o seu novo lar. Conta a lenda que os que se banhavam nas águas deste lago, acalmavam seus instintos sexuais, buscando o amor mais intelectual.
Nada mais significativo para explicar os diversos padrões de comportamento em relação aos instintos, as paixões e ainda o amor ao conhecimento.
MercúrioMercúrio, Hermes, filho de Zeus e sua amante Maia, possui uma história interessante. Ao nascer sua mãe o envolve em folhas de salgueiro, uma planta que tira os maus olhados tal qual a arruda conhecida por nós, e o coloca em seu berço no monte Cilene, na Arcádia. Com dois dias de vida, Mercúrio desata os nós das folhas e desce do berço para aventurar-se pelo mundo. Quando passa pelos campos onde estava o gado de Admeto, resolve roubá-lo e amarra galhos no rabo dos animais para apagarem as pegadas, levando-os para uma gruta. Um senhor que estava na estrada foi testemunha deste roubo e Mercúrio o persuadiu oferecendo uma novilha. Ao terminar de esconder o gado encontrou uma espécie de tartaruga, e após se alimentar com sua carne aproveitou o casco construindo uma lira, usando as tripas como cordas. Após esta façanha voltou para o seu berço, atando-se novamente com o salgueiro.
O Sol que tudo vê, responsável por cuidar do gado de Admeto devido uma punição por ter se unido numa batalha contra o soberano dos céus, descobriu o roubo e foi até Júpiter para solicitar que seu filho Mercúrio devolvesse os animais. Júpiter ficou surpreso com a façanha de seu filho tão novo, e só não duvidou por se tratar de uma denúncia do deus da Verdade. Chamou a mãe do menino deus que tratou de defendê-lo alegando a impossibilidade do feito por estar seu filho dormindo calmamente no berço. Zeus foi obrigado a pedir a presença do menino que tratou de enrolá-los com o seu dom de oratória, alegando inclusive que até sabia onde estava os animais, pois ficou curioso vendo-os passar, e pegando sua lira desconversou tocando melodias para os deuses ali presentes. Zeus ficou maravilhado com o seu filho e ofereceu-lhe o caduceu, dando-lhe a honra de cuidar das ciências e o chapéu e botas aladas, para que se tornasse o mensageiro dos deuses, podendo descer aos infernos e ir aos céus, sem ser contaminado pelas influências de onde passasse. O deus da verdade também encantou-se por Mercúrio e ofereceu trocar a lira pelos animais, recebendo assim também o comando sobre os animais domésticos.
Este é o perfil dos que utilizam a lábia e a esperteza para conseguirem suas coisas, acabando por conquistarem a admiração dos outros.
PlutãoPlutão, Hades, é o deus do inferno. Seu mito é menos romântico e ligado aos sentimentos mais instintivos dos homens, suas transformações, dores e a morte. Com a divisão dos reinos, Plutão foi para o seu domínio do subterrâneo, do inferno e de tudo que se passa escondido, inclusive os pesadelos e as culpas que pesam a consciência dos seres mortais, e só saiu de lá duas vezes. Uma para pedir a Júpiter que lhe desse sua filha Perséfone, Prosérpina, em casamento, recebendo a resposta de que sua mãe é que haveria de ser ouvida, e chamou Deméter, Ceres, esta afirmou que necessitava de sua filha para a fecundação das plantas. Plutão não se deu por vencido e aproveitando o momento em que Perséfone estava na Sicília colhendo flores, raptou-a utilizando o seu manto de invisibilidade. Quando Deméter percebeu o desaparecimento de sua filha, procurou Júpiter que consultou ao deus que tudo via, o Sol, que lhe informou do ato de Plutão. Deméter então prometeu provocar a escassez de alimentos até que sua filha voltasse, mas só aceitaria sua volta se esta não houvesse consumido alimentos no reino dos infernos. Mercúrio, o mensageiro dos deuses, foi chamado para descer ao reino de Hades e convencê-lo de devolver Perséfone. Mas já era tarde, ela tinha comido um grão de romã, ficando presa eternamente no subterrâneo. Mercúrio conseguiu convencer Plutão a dividir sua amada com a sua mãe e esta a aceitar sua filha. Perséfone passou então a freqüentar o reino dos infernos durante o outono e inverno, a ajudar sua mãe durante a primavera e brilhar no Olimpo durante o verão.
Plutão comandava vários outros deuses menores que o ajudavam nos trabalhos do seu reino. As Hárpias eram deusas que pertubavam a mente dos criminosos e confundiam a mente dos sábios e videntes para que eles não vissem o futuro real. Hipnos, o Sono, filho de Nix, a Noite, e Érebo, as trevas do inferno, irmão gêmeo de Tânatos, a Morte, tinha incontáveis filhos chamados Sonhos, dos quais se destacavam Morfeu, que tomava a forma de todas as criaturas, Ícelo, conhecido como "o terrificante" e Fântaso que imitava todos os corpos inanimados.
Este mito nos fala dos sentimentos humanos relacionados a morte, aos pesadelos, as tormentas, as culpas e etc. A existência de um destino que os sábios e videntes não podem descobrir em sua totalidade, para permanecer a sensação de que o nosso futuro é construído pelas nossa ações. Da sexualidade, que depois de experimentada, mesmo uma porção tão pequena quanto um grão de romã, nos prende ao desejo de aprofundarmos cada vez mais nas sensações descobertas. De como os desejos mais profundos de nosso ser nos capturam e nos conduzem a atos duros, quando nos é negado o que queremos.
Do amor de Júpiter com Latona, Letó, nasceram dois filhos gêmeos, o Sol, Apolo ou Hélios e a Lua, Diana ou Artêmis. Este foi o parto mais difícil que já se relatou no Olimpo. Juno, irada por mais um romance de seu marido, mandou que sua filha Ilítia, deusa do parto, não comparecesse ao nascimento dos filhos de Latona, e esta agonizou por nove dias e nove noites, sendo cuidada por todas as deusas, menos Juno e Ilítia, até que Íris ofereceu um longo colar de ouro e âmbar, que a deusa do parto aceitou e assistiu Latona, permitindo o nascimento da Lua, que assistindo o parto de seu irmão, pediu ao seu pai que nunca tivesse filhos e este aceitou o pedido dando-lhe a obrigação de zelar pela fecundidade dos seres humanos, animais e vegetais. Sua lenda também é associada com Seleme, que passeava com seu carro dourado puxada por cavalos brancos atraindo vários amantes, sendo mais conhecido o romance com o pastor Endimião com o qual teve cinqüenta filhas, associando-se assim a deusa da fecundidade. Desta forma identificamos a Lua controlando o ciclo menstrual feminino de 28 dias, e a sua utilização na agricultura, bem como médicos homeopatas que utilizam a tábua das marés, influenciada pela Lua, para calcular o momento do parto de suas pacientes e a conhecida importância da Lua no crescimento dos cabelos.
O Sol, Hélios ou Apolo, tinha em volta da cabeça raios de luz em vez de cabelos, e percorria o céu num carro de fogo puxado por cavalos velocíssimos chamados Aêton, Éoo, Flêgon e Piroís, associados com a luz e as chamas. Sua viagem eterna do oriente para o ocidente só foi interrompida uma vez, devido seu filho Faêton pedir-lhe para guiar os cavalos acabando por quase incendiar a terra, quando assustou-se ao aproximar-se dos animais do Zodíaco. Todas as noites, após se banhar no oceano e recuperar as forças de seus cavalos, retornava ao oriente dentro de seu carro que servia de nau. Devido sua fama de ver tudo que se passava, recebeu o título de deus da verdade. Muitos templos foram erguidos em seu nome, sendo mais famoso o "Oráculo de Delphos", onde jovens virgens chamadas Pitonisas, nome derivado de um dos nomes do Sol, Píton, atendiam a população. Um oráculo era como nos dias atuais, a consulta ao Tarô, ao I Ching, as Runas, ou a outro método de acesso ao inconsciente, a diferença é que os oráculos ficavam dentro dos templos religiosos. Este oráculo se tornou famoso devido ao filósofo grego Sócrates que caminhou até a cidade de Delphos para perguntar ao oráculo quem era o homem mais sábio do mundo, pois gostaria de conversar com ele. "És tu Sócrates", foi a resposta obtida. Sócrates saiu do templo achando que fora vítima de brincadeira, porém, por toda a sua vida, buscou de cidade em cidade encontrar um homem sábio, e deparava-se com pessoas comuns, consideradas sábias por moradores daquelas cidades. Próximo ao fim de sua vida, Sócrates começou a duvidar se o oráculo não lhe teria dito a verdade. Lembrou-se então da inscrição contida no portal do templo de Delphos: Conhece-te a ti mesmo... e conhecerás o universo e os Deuses. Este mito influenciou nossas igrejas até pouco tempo, simbolizado pelo galo colocado em cima do telhado. Galinteo era um companheiro de Apolo em suas viagens, indo sempre a frente anunciando sua aproximação. Foi transformado num galo por Zeus, eternizando-o por seus serviços de anunciar a chegada do deus da verdade. Ao colocar o galo nos telhados das igrejas se desejava dizer: "aqui se anuncia a verdade".

2 comentários:

Unknown disse...

é ótima essa explicação
mas não é isso que eu procuro
mas deu pra mexer com a minha imaginação

Unknown disse...

não é isso que eu estava procurando eu estava procurando qual a semelhança entre a mitologia grega e mitologia romana