A Assíria era essencialmente uma nação de servos que viviam presos à terra que cultivavam; eles podiam ser vendidos juntamente com a propriedade. Deviam obediência à vila mais próxima. Esta, por sua vez, estava presa à cidade pela obrigação de pagar impostos, participar nos festivais religiosos e obedecer os mandatos administrativos. As cidades - dentre as quais as principais eram Assur, Nínive, Erbil e Nimrod - estavam sob a autoridade do rei.
O rei assírio possuía poder absoluto sobre todos os aspectos do governo - econômico, diplomático, político, militar e religioso. Embora reconhecido como humano, acreditava-se que fosse um enviado dos deuses, em especial Assur, a divindade principal. Por isso, o monarca vivia distanciado dos outros mortais: só o superintendente do palácio tinha acesso regular a sua presença. Até mesmo o príncipe herdeiro só tinha permissão para uma audiência se os preságios fossem considerados favoráveis; aos de fora, vendavam-se-lhes os olhos quando iam à presença do soberano. Para o rei, não era tarefa fácil manter satisfeitos os deuses. Estava constantemente submetido a rituais árduos como jejuar e ficar isolado durante uma semana numa cabana de junco verde. Às vezes, os augúrios indicavam que os deuses estavam terrivelmente descontentes. O pior sinal era um eclipse, lunar ou solar, pois supunha-se que pressagiava a morte do monarca. Nesses casos, o rei abdicava do trono temporariamente em favor de um suplente, que assumia a responsabilidade pelo que houvesse irritado os deuses. Depois de cem dias, o rei retornava e tanto o substituto como sua esposa eram executados, supostamente para dar aos deuses a morte do rei como foi predita.
A agressão militar era legitimada pela religião assíria: conquistar era a missão divina dos reis. Além da característica de conquistadores, os assírios eram violentos e costumavam vangloriar-se dos atos sangrentos, faziam do terror e da atrocidade instrumentos de política externa. Antes mesmo de tornarem-se os mais poderosos do oriente, num exemplo precoce do terror que se tornaria marca registrada dos assírios, um soberano chamado Salmanasar I, que reinou de 1274 a 1245 a.C., levou para Assíria, como escravos, 14 mil soldados inimigos derrotados - mas tratou de assegurar-se, antes de tudo, de que seriam dóceis; para isso, cegou-os.
O fiho de Salmanasar I, Tukulti-Nunurta I, cujo reinado começou em 1244 a.C., expandiu o territórrio dos assírios que, a época, já era de mais de 30 mil metros quadrados, que iam dos contrafortes dos Zagros até o Eufrades. Tukulti-Nunurta I escarvizou e levou para Assur, presos com pesadas correntes de cobre no pescoço, os reis de Nairi que comandavam as tribos que viviam nos Zagros, pois estas durante muitos anos vinham atacando a fronteira nordestes da Assíria. Tempos depois esses reis tiveram permissão para voltar para casa como vassalos.
Quando o rei babilônico Kashtiliash resolveu atacar a Assíria, Tukulti-Nunurta venceu o exército babilônico, capturou o atrevido Kashtiliash e, em suas próprias palavras: "pisei com meus pés em seu pescoço real como se estivesse pisando em um estribo". A Babilônia foi saqueada e Tukulti-Ninurta se auto-proclamou seu novo rei. Daí a influência da sofisticada cultura babilônica aumentou.
Quando mais tarde a Babilônia revoltou-se com êxito, acreditou-se em altos círculos assírios que os deuses pilhados anteriormente estavam demonstrando sua ira contra as iniquidades de Tukulti-Ninurta. E assim, de acordo com uma crônica, o rei assírio, que "tinha colocado sua mão maldosa sobre a Babilônia", teve um triste fim: "Seu filho e os nobres da Assíria, rebelaram-se contra ele e arrancaram-no do trono. Aprisionaram-no e mataram-no com uma espada".